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30 ANOS de Plano Real

30 ANOS de Plano Real

O Brasil está celebrando os 30 anos do Plano Real que iniciou no dia 1º de julho de 1994, como o novo plano econômico, conduzido pelo então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, no governo do presidente Itamar Franco. O Deputado Federal Luiz Carlos Hauly do (Podemos-PR), é autor de um pedido para a realização de uma sessão solene no plenário da Câmara para lembrar os 30 anos do Plano Real.


Nova Fase - Como era o cenário quando entrou em vigor o Plano Real em 1994?

Deputado Luiz Carlos Hauly: Era um caos econômico. Nós conseguimos uma abertura política há 40 anos. Só que quando aconteceu a abertura política, a inflação era elevadíssima e a economia estava derrubada, que foi na década de 80. O último governo militar, que foi do Figueiredo e o ministro Delfim, nos entregaram um abacaxi, a inflação elevada e uma economia que tinha caído 8,7% nos anos de 81, 82 e 83. Então, outro problema, a abertura foi negociada, a economia estava um caos, inflação subindo pelo elevador e os preços subindo pelos elevadores e o salário pelas escadas. Veio a mudança de governo, o Tancredo. Tancredo, antes de tomar posse, assume o Sarney, que fazia parte do governo 30 ANOS de Plano Real anterior. Mesmo assim, demos apoio a ele. Tentou-se vários planos econômicos e a inflação continuava. A década de 80 foi uma economia de baixo crescimento. Chamado a década perdida. Vem a primeira eleição. Os pais da abertura política e os pais da nação não se elegeram, nenhum deles, nem o Ulisses, nem o Covas e tantos outros. Surge o Collor. Que não consegue debelar a economia nem a inflação. Quebrou o país de novo, 7,7% em três anos de queda econômica. Desemprego, inflação elevada, veio o impeachment.

NF - Que sequência, o Sr., assistiu de perto?

Hauly - Todos os democratas, especialmente os sociais democratas, o MDB e os partidos mais comprometidos com a cidadania e a nação, apoiamos o Itamar. Eu fui um que liderou o impeachment do Collor e fui vice- -líder do Itamar. Aí tenta um ministro, outro ministro. Até que finalmente, com base na experiência passada, o Itamar desloca o Fernando Henrique do Ministério das Relações Exteriores para a fazenda, para fazer o Plano Real. O Itamar, falou, chama os economistas ligados a gente, Edemar Bacha, Pérsia Arida e André Lara Resende e outros colaboradores e faz o Plano Real, o URV, em janeiro a junho e em julho a moeda, que comemoramos já tem 30 anos. Essa é a sequência do conhecimento, era um caos a economia.

NF - É difícil imaginar a hiperinflação?

Hauly -As pessoas recebiam salários, e corriam desesperadas para o supermercado porque os preços mudavam a todo momento. 45% de inflação no mês antes de começar o plano real. Em janeiro do ano seguinte caiu para 1,5%. Hoje dá 0,4, 0,3 ao mês, e a gente acha ruim. Você vê que diferença absurda, então dava 1,5% de inflação ao dia, em três dias dá inflação de um ano hoje, es e foi um ganho extraordinário. Foi o maior projeto econômico do século XX.

NF - O que foi essencial para esse sucesso e para dar certo no plano real?

Hauly - Primeiro, a credibilidade do Itamar, do Fernando Henrique, apoio do Congresso Nacional, pois nenhum governo consegue ir para frente sem que o Congresso participe e apoie. Nós trouxemos o projeto ao plenário, as medidas provisórias, as mudanças constitucionais, a criação do fundo social, as medidas provisórias do plano real, e aprovamos com ampla maioria, apesar de que na época era o voto do PT contra. Eles falavam que era golpe político, e eu cansei de debater com eles, inclusive cheguei quase a ser agredido no plenário, porque eu falei “não, vocês estão enganados, vocês vão perder a eleição porque vocês são contra o plano real”, que é o maior acontecimento, acabar com a inflação, o que o brasileiro queria na época? A democracia conseguiu estabilidade econômica para que? Para gerar emprego, porque o dinheiro, a moeda brasileira tivesse poder de compra, foi o que deu a moeda, deu dignidade, deu capacidade de poder de compra para milhões de trabalhadores, aí sim, preços e salários passaram a ser mais compatíveis.

NF - E como o plano previu a redução da pobreza e as desigualdades sociais?


Hauly: Desde o começo as bolsas foram se ajustando para culminar com redução da pobreza porque, como a década de 80 foi perdida, um crescimento baixíssimo, tal como essa década de 14 até hoje. É uma década perdida com um zero de crescimento. Aquela década ainda teve algum crescimento, mas essa foi zero. Chamamos outra década perdida também e distribuição de riquezas com programas de relevância que ainda estão em evidência.

NF - O que precisa para uma retomada?

Hauly - Seguir os exemplos daquela época, quando o plano real, promoveu a estabilidade econômica, as reformas estruturais, reformou o sistema financeiro, reformou os bancos públicos, a reforma do fundo de garantia, a reforma trabalhista, a reforma previdenciária, que demorou muito mais para fazer, e outras reformas estruturais. E agora, século XXI, é a reforma tributária, é a mais importante reforma do século XXI, que tem o peso tão grande, até maior do que a que é. Ela deu estabilidade na moeda, o real passou a ser valorizado no mundo inteiro, respeitado como moeda e o povo, o povo apoiou e agora vem a formação de preço e o conserto da economia de mercado com a reforma tributária.

NF - O senhor participou da articulação para a aprovação de todas essas medidas?

Hauly - Fiz várias sessão solene sobre o Plano Real. Uma que guardo na memória, foi a presença do Dr. Henrique Hargreaves, ministro chefe da Casa Civil do Itamar, onde reconheceram o papel extraordinário do Congresso. Quem fez a Constituinte, a união dos congressistas, o plano real, o apoio decidido para a mudança de governo; as reformas trabalhistas, previdenciárias, reforma tributária que aprovamos aqui, as Microempresas, o Simples, o Super- -simples, que eu fui relator.

NF - Acha que povo valoriza o Congresso?

Hauly - Infelizmente não, o Brasil é um país que não tem memória da sua história, dos seus valores, dos seus grandes líderes. Então, eles tentam queimar todas as lideranças do passado, acusando-lhe de banalidades. Veja, quem são os verdadeiros pais do Plano Real: Itamar Franco e Fernando Henrique. Só isso já valeu toda a vida pública deles. Nós estamos falando de ideias que estão nos transformado, pensando no futuro, não nas próximas eleições.

NF - O Senhor tem muitos projetos aprovados que estão em ação...

Hauly - Participei de muitos, como a Constituinte, o Plano Real, as reformas que fizemos, a reforma tributária, sempre pensando no futuro do país, não na próxima eleição.

NF - Os eleitores reconhecem as reformas?

Hauly - Se a reforma desse voto, eu teria que ter mais de 2 milhões de votos como deputado. Sou pai do simples, do supersimples do MEI, que hoje é responsável por 21 milhões de negócios e 70% dos empregos do Brasil. Mas não dá voto.

NF - Olhando pela janela do tempo. Porque as pessoas gostam tanto de escândalos?

Hauly - Não vivem sem eles. Tem as que fazem denúncia por prazer, o mundo vai acabar, vai chegar o lobisomem, a mula sem cabeça, o saci pererê, elas gostam dessa fantasia que tudo vai mal, isso aí é uma doença da idade média, eles falavam que bom era o passado, o futuro é nosso. Digo que a continuar assim, o futuro vai ser um desastre, então muita gente tem essa mentalidade. Felizmente, 2/3 ainda tem a mentalidade positiva pra frente e ainda bem, o que nos traz um pouco de esperança.

NF - Para finalizar...

Hauly - Agradecer a revista Nova Fase que conheço a acompanho a 40 anos e continuar a minha parte, sempre trabalhando pelo bem.

Republicada da revista Nova Fase de Cascavel (PR)


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